Os Cristãos X Governo e autoridades
- Nestor P. Figur
- 18 de out. de 2017
- 9 min de leitura

No princípio Deus era o governante sobre o seu povo. Ele havia estabelecido pessoas chamadas de Juízes para resolver e administrar as questões civis, criminais e administrativas do povo de Israel. Mas o povo ficou descontente com a forma de governo e quis uma forma de governo igual aos povos que habitavam ao seu redor, mesmo sabendo que esses povos não faziam parte da Aliança com Deus.
Deus, mesmo rejeitado, mostra sua misericórdia e estabelece um Rei para o Seu Povo. Oferece ainda ao povo a oportunidade de voltar atrás quando explica claramente quais os direitos que um Rei/Governo tem sobre o povo e suas vidas (#1 Samuel 8:11-17). Seus filhos irão para a guerra, o melhor das suas rendas será para o Rei, suas filhas serão usadas para atenderem as necessidades do Reino, seus empregados, empregadas, seus animais e os seus filhos serão escravos a serviço do Rei. Ainda assim, o povo escolheu se igualar aos povos mundanos.
Deus sempre quis ser o governante supremo sobre o homem, mas não para reduzi-lo a escravidão. Ele estabeleceu o “Livre Arbítrio”.
A proposta de Deus ao homem sempre foi de liberdade, tanto que Deus não obrigou o homem a não pecar. Deus sempre quis que o homem fosse livre dessa escravidão governamental humana.
Tendo o povo escolhido, Deus estabeleceu o Rei com os seus direitos sobre o povo.
O relato bíblico e a história nos mostra o desenrolar dessa decisão. Houve governantes que se submeteram a Deus e seus governos foram abençoados e houve governantes que se afastaram de Deus e acabaram afligindo todo o povo. Houve divisões, desentendimentos e guerras pelo poder.
Deus sabia que o coração do homem é enganoso (#Jeremias 17: 9), mas permitiu que o homem escolhesse o caminho que queria seguir.

Na Sua grande misericórdia, Deus sempre enviou profetas para oferecer oportunidade de arrependimento pelos pecados e decisões erradas que o povo e seus governantes tomaram.
Ainda hoje Deus permite que façamos as nossas escolhas. Ainda hoje podemos escolher quem vai governar sobre nossas vidas. Deus ainda quer ser o governo em nossas vidas, não para escravidão, mas para a liberdade (#Gálatas 5:1). Por isso Ele enviou o Salvador, o Redentor, na pessoa de Jesus Cristo.
O Povo de Israel nunca deixou de querer um reino terreno. Quando Jesus veio, o sonho de todo israelita era que surgisse um redentor físico de Israel. Alguém que derrotaria os Romanos e estabelecesse novamente um reino físico de Israel. Os próprios discípulos de Jesus esperavam isso. Tinham em mente a certeza de que Jesus era esse enviado aguardado, a tanto tempo prometido. Fato é que dois deles pediram para serem “Ministros” do seu Reino. Depois da ressurreição, Jesus acompanha dois discípulos que confessam que esperavam que Jesus era o Rei que libertaria Israel dos Romanos. Muitos se decepcionaram com Jesus por que Ele não se rebelou contra Roma, não fez o que o povo esperava que fizesse.
A interpretação do que estava escrito na Lei e nos Profetas havia sido feita de acordo com a própria vontade, suas próprias esperanças e não de acordo com o que Deus havia dito.
No caminho de Emaús, Jesus expôs aos dois discípulos o que a Lei e os Profetas diziam a respeito Dele, mostrando a interpretação correta.
Jesus veio trazer o Reino de Deus a Terra. A sua pregação desde o início de seu ministério foi “É chegado a vós o Reino dos Céus” (#Marcos 1:15).
Todos os ensinamentos de Jesus servem para nos levar a termos uma vida que sirva de modelo para esse mundo perdido em trevas. Ele nos manda ser luz, nos manda ser sal, ou seja onde um filho de Deus estiver, naquele lugar tem que haver mudança. Se havia trevas, deve ser iluminado. Se havia insipidez, deve ser temperado. Em Romanos 8:19 diz que: “A ardente expectativa da criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus”.
Jesus ensinou que devemos ser obedientes aos governantes e a todos os que são investidos de autoridade. Segundo o próprio Jesus, “todas” e quaisquer autoridades foram estabelecidas por Deus (#Romanos 13:11). O cristão (seguidor de Jesus Cristo) deve ser submisso aos governantes e autoridades em todos os níveis (Tito 3:1). Foi Deus que as colocou nessa condição, mesmo que elas sejam “perversas” (#1 Pedro 2:18).

Quem quer se envolver com a política (sistema de governo mundano), deve saber que todos os sistemas de governos praticados no mundo tem seus conceitos e são influenciados pelas filosofias e pensamentos reinantes no sistema chamado Mundo. Jesus mesmo disse que esse mundo jaz (vive) no maligno. A Palavra de Deus também diz: “Jamais vos coloqueis em jugo desigual com os descrentes. Pois o que há em comum entre a justiça e a injustiça? Ou que comunhão pode haver da luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o Maligno? Ou que união entre o crente e o incrédulo? Por isso afastai-vos deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras, e Eu vos receberei” (#2 Coríntios 6:14,15,17). Sendo assim, a política praticada no mundo deve ser evitada. Querer fazer parte do Sistema Político, seja ele qual for(monarquia, democracia, socialismo, comunismo, ditadura ou qualquer outra) é incorrer em desobediência direta a Deus. Note que esse texto é direcionado para os crentes, para a igreja de Jesus, portanto diretamente para nós cristãos, os que são de fato seguidores de Jesus.
Infelizmente até hoje ainda tem seguidores de Jesus que querem ser governantes nesse “Mundo”. Não entenderam que Deus nunca chamou alguém do Seu povo (um justo) para governar sobre os injustos. Ele sempre ensinou que os justos devem se submeter aos governantes e autoridades. Devemos como cristãos (seguidores de Cristo) obedecer, orar por (não contra) eles e honrá-los (#1 Pedro 2:17/Romanos 13:7). A palavra honrar significa “conceder honra; cobrir de honrarias; respeitar; reverenciar; dignificar; enobrecer; ser fiel; causar satisfação; lisonjear”.
Infelizmente uma grande quantidade de “cristãos” estão andando no sentido inverso dos ensinamentos bíblicos, xingando, maldizendo, fazendo e divulgando piadas e chocarrices dos governantes e autoridades, participando de movimentos contrários aos governos. Muitos estão se envolvendo com o sistema político desse Mundo, querendo ser governantes e autoridades. São pessoas que não compreenderam o ensinamento de Jesus aos seus discípulos em João 13:13-17 / Lucas 22:25,26 / Marcos 10:42-45 / Mateus 20:25-28. Nossa missão, nosso comportamento como cristãos(seguidores de Cristo) deve ser sempre servir e não ser servido. Nossa função não é exercer domínio sobre os outros, mas testemunhar e praticar o que Cristo ensinou.
Quem considera que um governante ou autoridade sobre si é seu inimigo, deve orar por ele, abençoar ele, dar alimento a ele, dar de beber a ele (#Romanos 12:19,20).

Quem se insurge, reclama, xinga, denigre, faz qualquer coisa contra alguém investido de autoridade, está fazendo contra quem o colocou lá. Temos o exemplo de Davi, em 1 Samuel 24 1-10 e 26 8-11, que em duas oportunidades poderia ter eliminado o Rei Saul que o perseguia para o matar. Entenda que a perseguição de Saul contra Davi não era para aumentar impostos, não era para o difamar, não era para judiar ou simplesmente incomodar Davi. Saul queria matar Davi. Saul perseguia Davi com um exército numeroso para conseguir seu intento. Saul era o Rei, tinha o poder e o direito de vida e morte sobre qualquer cidadão de Israel.
Davi, porém, por mais perseguido que fosse por Saul, era protegido por Deus. Davi confiava plenamente na promessa que Deus havia feito a ele que seria Rei em Israel. Mas ao invés de “aproveitar” as oportunidades, de encurtar o caminho da promessa, de usar os atalhos oferecidos a ele para apressar o cumprimento da promessa, ele se entrega a Deus, pois declara no versículo 10 do capítulo 26 de 1 Samuel: “Tão certo como vive o Senhor, este o ferirá, ou seu dia chegará em que morra, ou em que, descendo a batalha, seja morto”.
Davi coloca a decisão de quando a promessa vai se cumprir inteiramente na mão de Deus, e respeita essa decisão até depois da morte de Saul. Pois ele mata o homem que se apresentou feliz, dizendo que havia matado Saul (#2 Samuel 1:1-16).
Saul fora ungido Rei em Israel pelo profeta Samuel a mando de Deus. Deus orientou o reinado de Saul através de Samuel. Mas entre o terceiro e o quinto ano de reinado, Saul desobedece as ordens dadas por Samuel, e a partir daí nunca mais, até o fim de seu reinado Saul teve orientação de Deus.
Deus não retirou a unção, o reino, a coroa, o poder, o direito de Saul. Ou seja, Saul reinou por mais de 35 anos sem Deus, fazendo o que ele queria, da forma como queria e do jeito dele. Saul fez maldades, cometeu crimes, foi perverso, enganador, soberbo, no entanto era o Rei. Todos os seus súditos o repeitavam, o obedeciam como governante, o reverenciavam como Rei.

Observando os relatos bíblicos vemos claramente que Deus nunca chamou alguém com ofício sacerdotal (Levita) para governar o próprio povo de Israel, nem tão pouco chamou alguém do povo Dele para governar sobre outros povos. Mas ao mesmo tempo vemos Deus chamando ímpios, pagãos, mundanos, pessoas de outros povos para governar sobre Israel, como Nabucodonosor, Ciro, Dario, Belsazar, Assuero e outros.
No tempo de Jesus eram os Romanos quem governavam Israel, no entanto Jesus mesmo disse para respeitar e honrar o governo. Ele mesmo se submeteu a sentença de Roma. Jesus não se opôs em nenhum momento as injustiças cometidas pelos romanos. Se absteve completamente das questões políticas, tanto de Roma como de Israel.

A ocupação de Jesus era em ensinar como viver no Reino de Deus, que não depende das questões desse Mundo. O Reino de Deus não depende de como está a Política, ou a economia, ou a segurança, ou a educação, ou qualquer outro setor da sociedade.
Deus é o provedor de tudo, Jesus disse TUDO, o que necessitamos está a nossa disposição. Jesus também disse que tudo quanto pedirmos receberemos(Marcos 11:24). Também disse que o Pai ouve as nossas orações e petições, portanto quando nos sentirmos prejudicados por alguém, pelo governo ou por alguma autoridade, devemos nos entregar a Deus,pois Ele sabe nos livrar.
Os discípulos de Jesus sabiam disso, veja as oração deles no livro de Atos quando eram perseguidos, presos, açoitados, injuriados e mortos. Ninguém deles pedia a morte ou castigo aos seus algoses, mas agradeciam a Deus e pediam forças, intrepidez, e perseverança. Esse era o cristianismo que mudou o mundo daquela época.
O cristianismo atual é tão humanizado que não tem poder algum sobre “esse mundo tenebroso” que vivemos hoje, especialmente no Brasil. Pelo contrário, vemos cada vez mais pessoas chamadas por Deus para o ministério(pastores, evangelistas, músicos) querendo ser vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores e presidente. Esses estão rejeitando o chamado de Deus para a vida deles. Deus tem um chamado só para cada pessoa. Ele não chama alguém para ser pastor por algum tempo e depois muda o chamado para ser político ou outra coisa qualquer.
Deus não retira a unção (capacidade para realizar o chamado), mas a presença de Deus pode ser dispensada, retirada. Saul foi ungido rei sobre Israel e governou por 40 anos, mas a presença de Deus esteve com ele entre 3 e 5 anos somente, todo o restante do reinado, Saul governou por causa da unção, mas não tinha a presença de Deus. A presença de Deus havia se retirado porque Saul, que tinha o chamado para ser governante assumiu a função de Sacerdote (#1 Samuel 13:8-14). Quando assumimos funções das quais não fomos chamados, perdemos a presença de Deus.
Davi, ao contrário de Saul, sabia que o mais importante é a presença de Deus. Quando o profeta Natã vem a Davi para o confrontar, Davi reconhece ser merecedor do juízo de Deus pelo seu pecado, mas tudo o que ele pede a Deus é que “Não me repulses da tua presença, nem me retires o Teu santo Espírito” (#Salmo 51:11). O que de fato temos que cultivar é a presença de Deus, é Ela que nos dá vida, que nos traz alegria, nos dá forças.
Infelizmente uma grande parte dos cristãos atuais preferem a unção do que a presença de Deus. Falam das grandezas de Davi, mas fazem a escolha de Saul.
Precisamos, urgentemente, nos submeter ao Governo de Deus através da Sua Palavra. Os exemplos e ensinamentos de Jesus não foram registrados simplesmente para acharmos bonitos. Foram registrados para seguirmos os exemplos e obedecermos os Seus mandamentos (#Hebreus 12:1-3). Quem segue os exemplos e obedece os mandamentos de Jesus tem garantia da presença de Deus na sua vida (#João 14:21-24).
Nosso dever como cristãos verdadeiros é vivermos conforme o exemplo de Cristo, pois essa é a orientação de Deus em 1 Pedro 2:12-17 “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.
Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao Rei, como soberano, quer as autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem.
Porque assim é da vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus.
Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei”.
Então não devemos lutar por justiça, quando nosso País está corrompido?
A resposta é: Claro que sim! Mas com as “armas espirituais” que fomos equipados. “Pois a nossa luta não é contra carne e sangue e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal,...com toda oração e súplica, orando em todo o tempo no Espírito”(Efésios 6:12,13,18).
Ou seja, entregamo-nos a soberania de Deus, pois Ele sabe livrar do mal os seus.
Que o Espírito Santo de Deus te dê entendimento e sabedoria para conduzires a tua vida.
Graça e paz a todos quantos amam o senhor Jesus.


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